sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Projeto Pedagógico 2012-2013



Projeto Pedagógico 2012-2013


“O meu Amigo Livro”



“O conto infantil é uma chave mágica que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da criança, para a sua formação integral.”

Bárbara Vasconcelos de Carvalho


Introdução

Atualmente, vivemos num mundo no qual estamos cercados pelas novas tecnologias, onde todas as informações ou notícias, músicas, jogos, filmes, podem ser trocados por e-mails, cd’s e dvd’s e a importância do livro começa a ser esquecida. Cada vez mais, o livro tende a ser substituído pela internet cedendo, a pouco e pouco, o seu lugar na sociedade. Contudo, quem reconhece a importância da literatura na vida de uma criança, quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar, com certeza haverá de dizer que não há tecnologia no mundo que substitua o prazer de tocar as páginas de um livro e nelas encontrar um mundo repleto de fantasia.

A criança que não tiver a oportunidade de estimular o seu imaginário poderá, no futuro, ser um indivíduo sem capacidade crítica, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade.

Assim, é objectivo primordial deste projecto promover o reencontro da criança com o gosto e hábitos de leitura.

A avaliação será realizada ao longo de todo o processo tendo em conta as diferentes respostas e atitudes das crianças face às actividades realizadas e reflexões feitas pelo educador.


A importância da literatura infantil

A literatura infantil é importante para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir para a formação de um indivíduo crítico, responsável e activo na sociedade, pois vivemos numa sociedade onde as trocas sociais acontecem rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.

Perante isto, o Jardim-de-Infância procura conhecer e desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita e como a literatura infantil pode influenciar este processo de forma positiva. Assim, segundo Bakhtin (1992) a literatura infantil é um instrumento motivador e desafiador, capaz de transformar o indivíduo num sujeito activo, responsável pela sua aprendizagem, que sabe compreender o contexto em que vive e modificá-lo de acordo com as suas necessidades.

A literatura infantil é fundamental na aquisição do conhecimento, na recriação, informação e interacção necessárias ao acto de ler. Existe assim a necessidade de realizar actividades que despertem o prazer de ler e estas devem estar presentes diariamente na vida das crianças, desde o seu nascimento.

Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contacto com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto leitor. Desta forma, através da leitura, a criança adquire uma postura crítico-reflexiva, extremamente relevante à sua formação cognitiva.

Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, questionar ou dialogar sobre a mesma, está a concretizar uma interacção verbal, que neste caso, vai ao encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confronto de ideias, de pensamentos em relação aos textos, tem sempre um carácter colectivo, social.

O conhecimento é adquirido na interlocução, o qual evolui por meio do confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem segundo Bakthin (1992) é constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento a partir do pensamento do outro.

Ouvir histórias é algo que dá tanto prazer que desperta o interesse das pessoas de todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, a criança é capaz de se interessar e gostar ainda mais já que sua imaginação é mais intensa.

A narrativa faz parte da vida da criança desde que ela é bebé, através da voz amada, das canções de embalar, que mais tarde vão dando lugar às cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças, animais ou natureza. Aqui, crianças mais novas, já demonstram seu interesse pelas histórias, batendo palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando algum personagem. Neste sentido, é fundamental para a formação da criança que ela ouça muitas histórias desde a mais tenra idade.

O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É nesta fase que as histórias vão tornando-se, aos poucos, mais extensas e pormenorizadas.

A criança passa a interagir com as histórias, acrescenta detalhes, personagens ou lembra fatos que passaram despercebidos pelo contador. Essas histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade e compreenda melhor as relações familiares. Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador de histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é partilhar uma experiência deliciosa na descoberta do mundo das histórias e dos livros.

Algum tempo depois, as crianças passam a interessar-se por histórias inventadas e pelas histórias dos livros tais como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Têm, nesta perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário pois, de acordo com Sandroni & Machado (1998, p.15), “os livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”.

Quando as crianças mais velhas ouvem histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também da sua imaginação que, segundo Vigotsky, caminham juntos

É importante que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contacto mais íntimo com o objecto de interesse. A partir daí ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e desenhos. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e educadores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.

Se o educador acreditar que o livro pode dar prazer, encontrará meios de revelar isso à criança. Ela vai interessar-se por ele, vai querer procurar no livro esta alegria e prazer. Tudo depende da oportunidade que a criança tem de conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do educador conhecimento para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para a leitura.

Educadores que oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar e com naturalidade, desenvolverão na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida fora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados as Orientações Curriculares e que ofereça uma certa variedade de livros de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o educador observe a idade cronológica da criança e principalmente o estádio de desenvolvimento de leitura em que ela se encontra.


A literatura e os estádios psicológicos da criança


Histórias para crianças (faixa etária / áreas de interesse / materiais / livros)


1 a 2 anos

A criança, nesta faixa etária, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado. Ela presta atenção ao movimento de fantoches e a objetos que conversam com ela. As histórias devem ser rápidas e curtas. O ideal é inventá-las na hora. Os livros de pano, madeira e plástico, também prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente. Nesta fase, há uma grande necessidade de pegar a história, segurar o fantoche, agarrar o livro, etc.


2 a 3 anos
Nesta fase, as histórias ainda devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo, das vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e entoação. Tem grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história transforma-se em algo real, como se estivesse acontecendo mesmo.


3 a 6 anos
Os livros adequados a essa fase devem propor "vivências radicadas" no quotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas.

Predomínio absoluto da imagem, (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos, ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação existente entre o "mundo real", que a cerca, e o "mundo da palavra", que nomeia o real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.

As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente.

A graça, o humor, um certo clima de expetativa, ou mistério são fatores essenciais nos livros para o pré-leitor.

As crianças, nesta fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É a fase de "conta outra vez".

Histórias com dobraduras simples, que a criança possa acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc.

Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o material que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criança para novas experimentações. Por exemplo, a história do "Bonequinho Doce" sugere a confecção de um bonequinho de massa, e a história da "Galinha Ruiva" pode sugerir amassar e assar um pão.

Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.

Os contos de fadas, tais como: "O Lobo e os Sete Cabritinhos", "Os Três Porquinhos", "Caracóis de Ouro", "A Galinha Ruiva" e "O Patinho Feio" apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos personagens, sendo adequados às crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto, "Capuchinho Vermelho", "O Soldadinho de Chumbo" (conto de Andersen), "Pedro e o Lobo", "João e Maria" e o "Pequeno Polegar" são adequados a crianças entre 4 e 6 anos.



Objectivos


Objectivo Geral:


·         Incentivar o prazer e o valor da leitura;


Objectivos Específicos:


·         Aproximar a criança de literaturas infantis diversas;

·         Proporcionar o prazer de ler e vivenciar a literatura infantil;

·         Proporcionar situações de leitura partilhada;

·         Fazer com que adquiram o hábito de ouvir e sentir prazer nas situações que envolvem a leitura de histórias;

·         Promover o contacto com histórias e aumentar o seu reportório;

·         Participar em situações de conto e leitura de histórias;

·         Desenvolver a prática de escutar com atenção as histórias contadas;

·         Incentivar à manipulação de livros sem danificá-los;

·         Desenvolver a capacidade de se expressar em público e inicialmente perante os colegas de sala;

·         Desenvolver valores e atitudes como a obediência, o respeito, o amor, a honestidade, a solidariedade, a bondade, o perdão, entre outros, a partir das histórias da literatura infantil;

·         Desenvolver a prática de dialogar sobre uma história e respectiva moral;

·         Promover o contacto com novas vertentes e novos autores da literatua infantil;

·         Promover o gosto e hábitos de leitura;

·         Promover a aquisição progressiva de competência ao nível da literacia;

·         Promover a aquisição de uma postura crítico-reflexiva;

·         Estimular o pensar, o desenhar, o criar, o recriar e a linguagem escrita;


Estratégias:

·         Leitura em voz alta pelo educador e interpretação de imagens por parte da criança;

·         Ilustração das histórias lidas e ouvidas;

·         Dramatização das histórias;

·         Reescrever as histórias para a construção de livros;

·         Exibição de filmes;

·         Cantar e coreografar músicas infantis;

·         Encenação de histórias infantis com o recurso a fantoches;

·         Realização de um sarau;

·         Requisição/Troca de livros;

·         Exposições alusivas a autores, livros, contos e histórias;

·         Realização da hora do conto;

·         Concursos (actividades de escrita criativa e lúdica);

·         Contador de histórias;

·         Realização de um jornal de parede;

·         Realização de jogos a partir de leituras realizadas;